Falando de Banco, crédito e afins

Uma das primeiras coisas que fiz ao chegar no Canadá foi abrir uma conta bancária e solicitar um cartão de crédito.

De início visitei os sites de vários bancos para conhecer os tipos de contas, tarifas e as condições exigidas (e vantagens) para imigrantes recém chegados abrir uma conta.

Na época optei pelo HSBC, pelos seguintes motivos: tinham vasta presença no Brasil e eventualmente seria mais fácil fazer transações financeiras entre os dois países; tinha lido vários relatos de brasileiros falando bem do HSBC; tinham uma conta especial para imigrantes em que não cobravam nenhuma taxa no primeiro ano.

Dispensável dizer que optei pelo banco errado…

No Brasil

Eu tinha mais de 10 anos de histórico bancário no Brasil. Como era funcionário público federal eu era considerado um cliente diferenciado. Meu cartão de crédito tinha o limite que eu quisesse e sempre que precisei aumentá-lo, o fiz sem nenhum impedimento. Eu também possuía uma boa relação com o gerente de minha agência, que estava sempre disposto a me atender sempre que precisei.

No Canadá

Eu cheguei no Canadá com uma quantia considerável de dólares, equivalente a aproximadamente 30% do capital que eu havia destinado a imigração. Não quis trazer todo meu capital devido às incertezas que eu tinha no início.

Ao cancelar meu cartão, recebi este cheque com o valor que tinha excedente.

O tratamento que recebi no banco foi o pior possível, a começar pela cara de bunda mau humorada da recepcionista ao me atender, vendo que eu não falava fluente nem em francês nem em inglês.

É claro que o serviço para um cliente Premier vai ser diferenciado, mas como este não era o meu caso tive que encará-los na condição de imigrante, recém chegado e desempregado. Não foi muito legal…

Que fique claro: por mais que você tenha dinheiro, você vai ser sempre um imigrante desempregado e, pior, sem histórico de crédito.

Uma sociedade baseada em Crédito

No Canadá, se você não tem crédito você não é ninguém. E conseguir crédito aqui não é tarefa fácil.

O primeiro cartão de crédito que tive foi um Mastercard, do HSBC. Como não tinha histórico de crédito, para ter direito a um cartão com limite de $500.00 tive que fazer um depósito de $1000.00. Me diz, o que você faz com $500.00 de limite?

Ter um cartão de crédito aqui é bem diferente de ter um cartão de crédito no Brasil. Primeiro porque os juros aqui são bem mais baixos e segundo porque não existe isso de pagar parcelado. Se quiser pagar parcelado, você vai arcar com os juros do cartão e é assim que todo mundo faz aqui no Canadá.

A exceção a esta regra é quando você tem o cartão de crédito de uma determinada loja. Por exemplo, suponha que você vai comprar móveis para sua nova casa, você vai a uma loja como Brick, Brault et Martineau, etc e solicita um cartão de crédito deles. Se aprovado você pode comprar na loja, pagando parcelado e sem juros. É comum você ver gente aqui com uma grande quantidade de cartões de crédito, eu particularmente, já estou acumulando alguns.

O problema é que para ter o cartão de crédito das lojas você também precisa ter um bom histórico de crédito, senão nada feito.

E aí você volta a estaca zero, você tem que se sujeitar a ter um cartão de crédito com $500 de limite, fazendo um depósito de segurança de $1000.00 para poder ter o seu famoso histórico de crédito para poder ser alguém aqui.

Voltando à minha história

Quando consegui emprego aqui no Canadá a primeira coisa que fiz foi procurar outro banco. Estava decidido a não continuar com um banco que me tratava com desprezo. Fui à outro banco munido de meus documentos e também do meu contrato de trabalho, que continha o valor do meu salário anual.

Fui bem claro à gerente: Sou correntista em outro banco e não estou satisfeito com o serviço deles. Quero abrir uma conta neste banco mas com a condição de que eu possa ter um cartão de crédito com limite de no mínimo “x” e sem necessidade de depósito de segurança.

Minhas solicitações foram acatadas e no mesmo dia eu cancelei minha conta no HSBC.

Já tem mais de um ano que estou com o mesmo banco e estou muito satisfeito. Minha conta corrente já ganhou um upgrade e meu limite de crédito hoje é equivalente ao que eu tinha no Brasil.

O que vale pra mim pode não valer pra você, e vice-versa

Eu indiquei meu banco para um colega de trabalho Francês, imigrante também, recém chegado da França. Na época ele estava com um visto de trabalho, mas já tinha dado entrada na residência permanente — que acabou recebendo uns 3 meses depois de estar aqui. Ele foi ao banco, conversou com a gerente e não conseguiu os mesmos benefícios que eu consegui ao abrir a conta.

Isso prova duas coisas: Primeira: Imigrante é imigrante, não importa de onde você veio você vai ter o mesmo tratamento; Segunda:  Escolher um banco é uma questão muito pessoal, mesmo que eu tenha um ótimo relacionamento com o meu atual, o mesmo pode não acontecer com você. A dica que eu dou é: antes de vir pra cá, aproveite para conhecer os bancos e quando chegar aqui, vá bater um papo com o gerente. Vocês vão ter uma boa idéia de como vai ser o atendimento e dos serviços que o banco pode oferecer.

Finalizando

Quero deixar claro que estas foram as minhas experiências com bancos aqui no Canadá. O que aconteceu comigo pode não acontecer com você, mas vale como uma experiência.

Foi chato ter que começar do zero aqui, mas faz parte da vida de imigrante. Felizmente, esta é mais uma etapa vencida na minha vida.

Atualização #1 (16-Jan-2011): Eu entendo que escolher um banco é a dúvida de muita gente quando chega aqui no Canadá. Entretanto, por questões de segurança (sim, eu sou cauteloso em divulgar dados pessoais na Internet) eu não divulgo com qual banco eu faço negócios, mas vou listar aqui alguns pra ajudar vocês a se situarem. Os 5 primeiros, listados em ordem, são os maiores do Canadá:

  1. RBC — Royal Bank of Canada
  2. TD — Toronto-Dominion
  3. ScotiaBank — Bank of Nova Scotia
  4. BMO — Bank of Montreal
  5. CIBC — Canadian Imperial Bank of Commerce
  6. Desjardins — Maior banco e maior empresa do Québec
  7. Banque Laurentienne
  8. Banque Nationale

Tenho ouvido boas referências do ScotiaBank, no que diz respeito à programas especiais para imigrantes recém-chegados. Vale a pena vocês darem uma olhada.

Quanto ao HSBC, pelo que tenho lido de comentários em outros blogs, me parece que a melhor opção para quem optar por este banco é abrir uma conta Premier ainda no Brasil, pois há a possibilidade de transferí-la para o Canada aproveitando, inclusive, o histórico de crédito. Se esta for a sua opção, vale a pena conversar com um gerente aí no Brasil, para sanar todas as suas dúvidas.

Conheça os valores do Mercado de Trabalho Canadense

Quem está planejando imigrar para o Canadá não pode deixar de ver esta palestra sobre os valores da sociedade e do mercado de trabalho canadense.

Tenho certeza de que após ver os vídeos vocês terão uma visão bem mais clara de como as coisas funcionam aqui e terão mais insumos e informação para melhor se planejarem com o intuito de enfrentar os obstáculos que normalmente nós, imigrantes, temos que enfrentar.

A palestra é em inglês, mas os vídeos foram legendados em Português, graças ao trabalho e dedicação das seguintes pessoas: Carlos Luz Junior, Alexei Aguiar, Denise Marques Leitão e Grazi Siqueira.

Parte 1:

Parte 2:

Parte 3:

Parte 4:

O vídeo original pode ser acessado a partir do link: http://atwork.settlement.org/sys/atwork_whatshappen_detail.asp?anno_id=2007749

Avaliação mostra que imigrantes estão se saindo bem no Canadá

Ottawa, 25 de novembro de 2010 – Avaliação revelou que imigrantes selecionados na categoria de trabalhadores qualificados estão contribuindo com a economia do Canadá.

A avaliação procurou estabelecer se o atual programa de imigração, referente à categoria de trabalhadores qualificados, permitiu selecionar imigrantes com maiores chances de se estabelecer com sucesso no Canadá. Em 2009 eles somaram aproximadamente 10% de todos os imigrantes que se estabeleceram no país – 25% se considerados conjuges e dependentes.

Segundo o estudo, os principais indicadores de sucesso econômico de um imigrante são:

  • Ter uma oferta de trabalho, no momento de fazer a demanda de imigração;
  • Capacidade de se comunicar em inglês e/ou francês;
  • Possuir experiência profissional no Canadá, antes de fazer a demanda de imigração.

Com menos importância, foram citados os seguintes Indicadores:

  • Ter estudado no Canadá por um período de dois anos ou mais;
  • Ter parentes que residem no Canadá.

“A avaliação revela que os imigrantes qualificados tem obtido sucesso e estão preenchendo certas lacunas em matéria de mão-de-obra” – declarou o Ministro de Cidadania, Imigração e Multiculturalismo Jason Kenney. Os resultados vem desmistificar o estereótipo de “doutores dirigindo taxi”.

Os resultados também indicam que os critérios de seleção, adotados com a Lei de Imigração e Proteção de Refugiados, como ênfase nas competências linguísticas e oferta de emprego no Canadá, permitiram melhorar os resultados dos imigrantes qualificados. O salário dos imigrantes selecionados através destes critérios é 65% maior do que os selecionados pelos antigos critérios e atingem em média 79 mil dólares canadenses após 3 anos da chegada no país. Além disso, estes imigrantes são menos suscetíveis a depender de seguro desemprego e ajuda social.

“É com prazer que vemos como resultado desta avaliação, que o programa de imigração tem funcionado como esperado… Nós estamos determinados a melhorá-lo e iremos procurar melhorias no decorrer das próximas semanas”, declarou o ministro Kenney.

Algum imigrante aí disposto a dar um depoimento sobre este estudo? Deixe um comentário.

Fontes:
http://www.cic.gc.ca/francais/ministere/media/communiques/2010/2010-11-25a.asp (em Francês)
http://www.cic.gc.ca/english/department/media/releases/2010/2010-11-25a.asp (em Inglês)

Emprego no Québec: À procura de mão de obra qualificada

Apesar dos efeitos da crise econômica que atenuaram temporariamente os problemas de escassez de mão de obra, as empresas se vêem novamente com este problema, é o que conclui um estudo da Federação de Câmaras de Comércio do Québec (FCCQ).

Emploi Québec

Emploi Québec

As dificuldades de recrutamento e de retenção da mão de obra se agravaram.

…O Québec registrou uma progressão de 125 300 empregos entre setembro de 2009 e setembro 2010, A taxa de desemprego era de 7,7% em setembro do ano passado. Nós recuperamos os empregos perdidos durante a crise financeira e a disponibilidade de mão de obra qualificada volta a ser um problema de primeira ordem às empresas…

explica Françoise Bertrand, presidente e diretora geral da Federação de Câmaras de Comércio do Québec.

Para chegar a esta conclusão, a FCCQ conversou com 950 pessoas do mundo dos negócios, entre novembro de 2008 e junho de 2010.

A FCCQ analisou a maneira em que as empresas do Québec se adaptam à escassez de mão de obra e como elas se preparam. Ela também observou o impacto das mudanças feitas pelo governo para satisfazer a demanda de empresários e trabalhadores.

Pontos em destaque:

  • A demanda intensiva de melhores empregados custa às empresas, por ano, centenas de milhões de dólares.
  • Os empresários devem fazer importantes concessões sobre a qualificação e experiência das pessoas que eles recrutam. As empresas compensam com formação interna.
  • Apesar do contexto de escassez, as empresas, em geral, não aumentaram o investimento em treinamento de seus empregados.
  • Apesar dos esforços do governo, existe ainda uma deficiência em relação à uma formação adaptada às necessidades do mercado de trabalho e a imigração.

A porcentagem de empresas com escassez de mão de obra é de 51% para os atacadistas e distribuidores, 67% para empresas do ramo de serviços e 75% para indústrias. O problema afeta 58% das empresas na área da região metropolitana de Montréal e 77% das empresas situadas fora da métropole.

Uma possível solução, de acordo com o estudo, reside nos próprios empregadores.

…As empresas e os sindicatos devem ser mais flexíveis na organização do trabalho e investir na retenção de seus funcionários. Eles também devem procurar o apoio de instituições de ensino e investir em formação. Nas áreas urbanas, eles devem se interessar mais no trabalho de imigrantes e de trabalhadores temporários…

diz Françoise Bertrand.

Além disso, a Federação constata que a rede de centros de formação profissional e os cegeps devem contribuir mais no sentido de oferecer formação in loco.

Quanto à imigração, a Federação considera que as regiões pondem contar com os imigrantes, mas apenas à título de trabalhadores temporários.

O desafio reside na melhoria do processo de seleção de imigrantes. De acordo com o Auditor Geral do Québec, apenas 9% dos imigrantes selecionados pela província satisfazem o critério de formação em demanda do mercado de trabalho.

Nota: Este post é uma livre tradução de uma matéria publicada no site da Radio-Canada, que você pode conferir clicando em: http://www.radio-canada.ca/nouvelles/Economie/2010/11/04/007-penurie-emploi.shtml