Todo projeto tem começo, meio e… milestones

Pelo menos é assim que encaro o meu projeto de imigração. Prefiro achar que não tem fim, mas sim vários milestones importantes. Primeiro milestone é conseguir o visto, depois, outro milestone importante é chegar no Canadá. Em seguida, conseguir um emprego. Depois, conseguir um emprego melhor e assim por diante.

É sempre importante ter milestones bem definidos, olhar sempre à frente na medida que os milestones vão sendo alcançados.

Hoje quero falar de um dos mais importantes milestones no projeto de imigração: a obtenção da nacionalidade.

Já não é notícia nova, me tornei cidadão Canadense em Abril deste ano (2014). Um importantíssimo passo dado!

Citizenship Ceremony

Citizenship Ceremony

O processo de cidadania foi até tranquilo: envio de documentos, prova de cidadania (100% de acerto), entrevista e cerimonia de cidadania. Tudo isso demorou cerca de um ano e meio (atualmente tem demorado bem menos) e ao final, a sensação foi de dever cumprido.

Ter me tornado Canadense não mudou muito o meu dia-a-dia, a minha rotina. Na prática, o que mudou foi: ir para os Estados Unidos nunca foi tão fácil. A diferença no tratamento quando se entra com um passaporte Canadense é perceptível. Infelizmente, ainda não pude votar. Recebi a minha cidadania uma semana depois das eleições provinciais. É certo que o meu voto não ia fazer diferença no meu distrito eleitoral, que tem tradição de quase 50 anos de voto Liberal, mas eu queria fazer a minha parte como cidadão, botar pra fora o Parti Québecois.

A impressão que eu tenho é que esta nova condição de cidadão Canadense me dá um certo “empowerment“. Parece que você deixa de ser o imigrante, um ser de outra categoria, um “cidadão” muitas vezes considerado de segunda classe e passa a “jogar” de igual pra igual com todo mundo. Você rompe uma certa barreira e não aceita mais ser subjugado por motivo algum: por ser imigrante, por ser sul americano, por ser federalista (morando no Québec) ou por qualquer outro motivo. A única coisa que eu penso é “fuck off“.

Fuck off” porque ralo pra caralho muito todo dia, pago imposto pra caralho muito imposto nesta província, muito mais até do que muitos canadenses nativos. É o nosso trabalho que está ajudando esta província (e este país) a progredir. E é nosso dever contribuir para que esta província (e este país) seja moldado também sob as nossas perspectivas.

Continuo sendo Brasileiro e torcendo para que o Brasil dê muito certo. Mas é inegável que as cores branca e vermelha são cada vez mais as minhas cores do coração. Sinto me cada vez mais Canadense e torço também para que tudo continue dando certo aqui na minha nova pátria.

Eu era o maior embaixador do Québec

… mas não dá mais.

Desde que o Parti Québecois (separatista, extremista) ganhou as eleições provinciais ano passado, um clima de tensão se instaurou no Québec, principalmente em Montréal que é onde tem a maior parcela de imigrantes.

Para este partido e para todos que seguem a mesma ideologia, o Québec é para os Québécois. Quando eu digo Québécois eu estou me referindo aos de origem francesa. Todo o resto é cidadão de segunda categoria: Nascido aqui, mas anglo-canadense; nascido aqui, mas filho de imigrante; imigrante…

Eles tem ódio mortal de anglo canadenses pois “foram oprimidos pelos imperialistas britânicos”. Eles não gostam de imigrantes pois, segundo eles, os imigrantes foram os culpados pela derrota do Parti Québecois no último referendo para que o Québec pudesse se separar do Canadá.

Eles estão mostrando a cara deles: que é de intolerância e racismo. Nunca pensei que fosse encontrar isso no Canadá. Mas estamos falando do Québec… aquele Québec que ninguém falou pra você que existia e que me parece tão diferente do resto do Canadá.

O Québec deste partido:

  • Não tolera (pra não dizer Condena) quem não fala francês;
  • Não tolera outras religiões (judaísmo, islamismo, a religião sikh, etc);
  • Só tem uma agenda: Separatismo e incitar a população contra quem é diferente.

A coisa tá tão ruim que tem muita gente abandonado o barco. Veja esta reportagem da CTV sobre o assunto: http://montreal.ctvnews.ca/moving-on-why-quebecers-are-saying-adieu-1.1519952

E não há um dia sequer que eu não pense em tomar a mesma decisão. Minha esperança é que a paz volte a reinar. Adoro Montréal, acho que no Canadá não há lugar melhor pra morar. Mas do jeito que tá…

 

Não passa na sua cabeça voltar?

Fred, leitor do blog, me fez a seguinte pergunta:

Diante do mercado brasileiro em crescimento e oferta de emprego em abundância na nossa área, não passa na sua cabeça voltar? Porque?

Fred, a resposta simples e curta para a sua pergunta é: Não, eu não penso em voltar.

Por que não? Porque eu não imigrei pelos motivos errados.

Como você pode ler no post O que me levou a imigrar, eu tinha uma vida confortável no Brasil, imigração não era a minha única saída. Eu vim para cá primeiramente para ter uma boa qualidade de vida, para ter uma boa carreira na minha profissão, para ter tranquilidade, para dar um futuro melhor para minha família, para minha filha que está por nascer.

Eu sabia que eu não iria ficar Rico no Canadá

Ganhar bem é algo que todo mundo almeja, que todo mundo tem como meta, mas existe uma diferença entre ganhar bem e ser rico. Aqui ninguém fica rico, a não ser que você seja empresário. Por que ninguém fica rico? Porque paga-se muito imposto. Para você ter uma idéia, para ter um salário líquido de $60,000.00 por ano ($5,000.00 por mês) você precisa ganhar ~ $90,000.00 por ano. Percebeu que você vai pagar ~ 30% do seu salário em impostos? $30,000.00 é muito dinheiro, meu velho.

Mas aqui, consegue-se ter mais com menos. O poder de compra aqui é muito maior, ou seja, seu dinheiro vale mais. E se você gasta menos para comprar as coisas, no final das contas você acaba economizando.

Eu não achava que iria ficar rico, o que eu tracei como meta foi ter um bom emprego onde eu pudesse ser bem remunerado para ter o padrão de vida que eu julgava ser o meu ideal. Esta meta eu já alcancei. Qual será minha próxima meta? Talvez ficar rico!!

Eu sabia que iria poder trabalhar na minha área e que seria bem remunerado

Para ser bem remunerado é preciso ter um bom emprego. Bons empregos existem na nossa área (TI), mas infelizmente isso não é verdade em outras áreas. Quem pensa em imigrar precisa pesquisar muito o mercado de trabalho e avaliar suas reais chances de sucesso. Para mim, esta era uma questão fundamental. Se isso não fosse possível, talvez eu não teria imigrado.

Eu estava em busca de Qualidade de Vida

Qualidade de vida não é ter um salário alto. É ter tranquilidade. É não ter preocupações. É poder fazer planos e realizá-los. É poder ter tempo para aproveitar a vida e aproveitá-la. Tudo isso eu tenho aqui, ou aprendi a ter aqui. Eu não acho que vale a pena trocar tudo isso pra viver no Brasil, mesmo que fosse para ganhar mais.

Eu não achava que o Canadá era um Paraíso

Mentira, eu achava. Pra ser sincero, depois de assistir a 5 palestras de imigração, essa era a única certeza que eu tinha. Entretanto, eu não demorei muito a enxergar as coisas como elas realmente são. O Canadá é um ótimo país, é um ótimo lugar para se morar, mas não é perfeito. Não existe paraíso, ponto final. Aqui, como em qualquer lugar do mundo, existem defeitos e isso é um fato. Quem não consegue enxergar estes defeitos invariavelmente vai quebrar a cara aqui.

Brasil, meu Brasil brasileiro

Eu sou Brasileiro e eu vou continuar sendo sempre Brasileiro. Mesmo depois que eu conseguir a cidadania Canadense, eu vou continuar sendo Brasileiro. Eu amo meu país, eu torço para que o meu país progrida. Eu torço para que a economia continue crescendo e que isso se traduza em melhor qualidade de vida para o povo Brasileiro. Eu não sou do contra, eu não torço para que tudo dê errado, pelo contrário.

Mas eu não volto pro Brasil. Aqui encontrei tudo o que eu procurava, ou almejava. Mesmo com todos os defeitos que possam existir aqui, eu ainda acho que não vale a pena voltar. Brasil, só a passeio, e olhe lá.

Minha esposa finalmente Residente Permanente

Esta novidade já tem quase um mês, fazia tempo que queria compartilhar aqui no blog, mas o tempo está muuuuito escasso ultimamente.

Para quem não sabe, eu estava fazendo o processo de sponsor da minha esposa. Quando ela veio para cá em 2010, ela veio como estudante e, uma vez aqui, demos entrada no processo que finalmente acabou no dia 21 de março de 2012, após exatos 1 ano e 4 meses de processo.

Social Insurance Number

O processo em si foi super tranquilo, mas esta demora foi de matar. Um coisa boa, que mudou recentemente neste processo, é que quando se aplica de dentro do Canadá, não há mais a necessidade de sair do país e voltar para poder validar a imigração. Tudo é feito com data e hora marcada e, na ocasião, ainda é possível pegar na hora o número de seguro social. Ficou muito mais prático.

O processo

O processo de Sponsor (Regroupement Familial) permite que um cidadão ou residente permanente “apadrinhe” seu cônjuge, filhos, ou pais. Apadrinhar significa que você será responsável financeiramente por esta pessoa durante 3 anos e, diante deste compromisso, o governo aceita receber esta pessoa como residente permanente.

Existem duas formas de aplicar este processo: 1) Residente Permanente no Canadá, pessoa que será apadrinhada no país de origem (Brasil, para os brasileiros); 2) Residente Permanente e pessoa que será apadrinhada ambos no Canadá.

No nosso caso, fizemos a opção 2, mas se eu pudesse voltar no tempo eu teria feito a opção 1. Porquê? Primeiro pelos custos: Como minha esposa veio como estudante, tivemos que arcar com matrícula, mensalidades e seguro de saúde o que nos custou alguns milhares de dólares. Segundo, como o objetivo do processo de sponsor é reunir os membros da família, se as pessoas já estão juntas no Canadá, o processo deixa de ser prioritário. Terceiro: A pessoa que está aqui não pode trabalhar (trabalho ilegal não era uma opção que cogitávamos), pode fazer faculdade, mas não pode cursar alguns cursos (especialmente os da área de saúde) e os custos são altíssimos. Quarto: é preciso ficar renovando a situação da pessoa apadrinhada no país, ou seja, se ela veio como estudante, tentar renovar o visto de estudante ou mudar para um visto de turista. O problema disso é que existe sempre a possibilidade do governo negar este novo visto e a pessoa ter que sair do país. No ato do envio do processo (opção 2) é possível pedir um visto de trabalho, mas este visto costuma demorar pra ficar pronto, correndo o risco até de ficar pronto quando o de residente permanente já está também sendo finalizado.

Se tivéssemos feito a opção 1, minha esposa teria ficado no Brasil por alguns meses a mais, mas seu processo seria tratado com urgência, já que os processos de reagrupamento familiar tem alta prioridade nos Consulados, passa na frente de todo mundo que tiver fazendo o processo de imigração convencional. Teria sido chato no início, pois estaríamos longe um do outro, mas rapidamente o seu visto iria ficar pronto e, uma vez aqui, ela já estaria com tudo certo para dar continuidade à sua vida.

Conselho que não dou a ninguém

Se você passar por esta situação, não faça do mesmo jeito que eu fiz. Opte por ficar separado por um tempo e faça o processo com seu cônjuge no Brasil, vai ser melhor pra ele/ela. Acredite em mim.

Depois não diga que eu não avisei.