Dois anos de Canadá: Emprego e Carreira

Uma das razões pelas quais optei por imigrar para o Canadá foi a possibilidade de ter um bom emprego e uma carreira interessante, com desafios que pudessem me fazer crescer como profissional.

No quesito emprego, meus objetivos eram bem claros:

  1. Exercer minha profissão;
  2. Fazer o que eu gosto;
  3. Trabalhar numa empresa que oferecesse boas opções de progressão de carreira;
  4. Ter uma remuneração justa, de acordo com o tipo trabalho que fosse exercer e com a minha experiência.

Durante o tempo em que eu ainda estava no Brasil fui me preparando, principalmente no quesito financeiro. Tentei juntar o máximo de dinheiro possível para chegar aqui no Canadá tranquilo e poder focar no que interessava.

Logo quando cheguei não me preocupei em procurar emprego nem em procurar apartamento.  Fui providenciar todos os documentos que precisava e me aperfeiçoar no francês.

Optei por ficar numa homestay por 4 motivos principais:

  1. Eu não conhecia ninguém em Montréal;
  2. Eu não conhecia Montréal;
  3. Eu queria praticidade;
  4. Eu queria conhecer a vivência de uma família québécoise e de quebra me forçar a falar francês o tempo todo.

Não poderia ter sido melhor. Nesta homestay eu tinha internet, tv a cabo, roupa lavada e comida. Ou seja, eu não gastava absolutamente nada além do valor que eu pagava por mês e ainda dei sorte de cair numa família muito legal, tão legal que ficamos amigos até hoje.

Além disso, a tranquilidade de não ter que procurar um lugar pra morar, de não me estressar com aluguel, com a possibilidade de alugar um apartamento que eu não gostasse e ficar preso por um ano. Ficar lá me deu a tranquilidade de conhecer a cidade e me decidir com calma onde eu queria morar.

Na verdade, como disse no início, eu não queria fugir do foco que era conseguir emprego na minha área. Então botei tudo que era secundário de lado e fui à luta.

Dar um passo atrás para poder dar dois adiante.

Como não tinha vivência de como era o mercado de trabalho aqui no Canadá, me baseei muito no depoimento de outros imigrantes.

Uma coisa que me chamou bastante a atenção foi o fato de muita gente ter tido que recuar um pouco na carreira para conseguir se posicionar no mercado, e após um período de 1 ou 2 anos voltar ao nível que estava no Brasil.

Então eu vim preparado para que isso pudesse acontecer. Tracei como meta conseguir emprego na minha área mas sem expectativa de já começar no mesmo patamar.  Os prazos que me dei foram: 4 meses para encontrar o primeiro emprego na área; 2 anos para estar no emprego melhor, conforme os quesitos que citei no começo deste post.

Um pouco desta minha trajetória eu narrei no post Procurando Emprego no Canadá. As coisas aconteceram mais ou menos como o planejado. Tive algumas propostas de emprego, mas no final assinei a que atendia aos meus critérios.

No final das contas, o esforço que coloquei em quatro meses de busca intensiva de emprego, de estudo do mercado de trabalho, de aperfeiçoamento de cv e cover letters valeu muito a pena pois eu consegui alcançar o que eu planejava para ter com 2 anos no Canadá.

Em resumo, não precisei dar um passo atrás e com certeza, hoje, tenho uma vivencia melhor e mais condições para, se um dia decidir mudar, dar dois, ou quem sabe mais, passos adiante.

Coisas que eu aprendi e conselhos que eu não dou a ninguém.

Uma das coisas que eu aprendi aqui no Canadá foi que se você não se valorizar, ninguém vai fazer isso por você. Tem muito imigrante que se minimiza, que se inferioriza quando vai se candidatar à uma vaga de emprego.

Gente, se vocês chegarem de cabeça baixa numa entrevista de emprego dificilmente vocês vão conseguir sair de lá satisfeitos. Pode até ser que vocês sejam contratado, mas nunca pra ganhar o que vocês realmente merecem.

Numa entrevista de emprego, a qual tinha me candidatado para uma vaga de desenvolvedor intermediário, o recrutador me perguntou: “Por que você esta se candidatando para uma vaga de intermediário sendo que seu CV mostra que você tem mais experiência do que isso?” Tinham 5 vagas de Sênior e uma poderia ter sido minha, mas eu acabei sendo contratado como intermediário.

No final das contas, o saldo foi bastante positivo pra mim, mas poderia ter sido bem melhor, não acham?

Com relação a emprego, volto a dizer:

  1. Aprenda que você tem que correr atrás: Nenhum emprego vai cair de pára-quedas no seu colo;
  2. Aprenda as regras do jogo: aprenda sobre o mercado; aprenda como se candidatar para uma vaga;
  3. Aprenda a vender seu peixe: você tem que saber o que falar e não falar numa entrevista;
  4. Aprenda a conviver num novo ambiente de trabalho: As coisas aqui são muito diferentes do Brasil. Você não pode ter o mesmo comportamento numa empresa aqui, como você tinha no Brasil. Seja reservado no começo, tenha cautela no que for falar, observe e vá se soltando aos poucos;

E por fim, fica a dica: independente de quão bom você for em sua profissão, você vai ser sempre um imigrante.

Após dois anos de Canadá.

Continuo trabalhando na mesma empresa. Este foi o meu primeiro emprego e, por enquanto, vai caminhando para ser o definitivo.

Trabalho fazendo o que eu gosto, na grande maioria do tempo, e tenho sido reconhecido pelo trabalho que venho exercendo. Isto se reflete em salários cada vez melhores e permite que eu faça planos para o futuro, além de ter permitido conquistar tudo o que conquistei até hoje.

Graças a Deus, cheguei num ponto em que vivo uma coisa de cada vez, sem pressa; uma conquista atrás da outra. Agora é ter paciência, pés no chão para planejar e alçar voos mais altos.

Isto é ter qualidade de vida, mas isto é assunto para outro post.

Montréal terá um Hotel de Gelo

Olha só uma notícia boa! Montréal vai ter um Hotel de Gelo. Quer dizer, não só um Hotel mas um Village inteiro!!!

Village de neige sur l'ile Ste-Helene (Source: Radio-Canada)

O Village des Neiges será construído de neve e gelo, na ilha Ste-Helene e abrirá suas portas em Janeiro. Será composto de um Hotel, um Igloo aquecido, um bar, um restaurante, um centro de conferência e uma capela para celebrar casamentos. O hotel terá 15 quartos e 10 suites.

É, a cidade do Québec ganhou um concorrente de peso…

Fonte (em francês): http://www.radio-canada.ca/regions/Montreal/2011/09/27/006-village-glace-ile-ste-helene.shtml

Dois anos de Canadá: Eu me comunico, logo existo.

27 de julho de 2009, há exatos dois meses eu completei 2 anos aqui no Canadá. Também fazem 2 meses que eu tento escrever sobre este assunto, mas tinha sempre alguma coisa acontecendo “dans mon entourage”, que acabava sempre ficando pra depois.

Bom, e como tem muita coisa pra contar, não vou me alongar para não ficar chato e cansativo. A idéia é fazer um post abordando cada assunto, ou assuntos interligados, falar dos projetos concretizados (ou não), enfim, contar um pouco da minha vivencia de imigrante.

Tá, vamos parar com esta enrolação e ir direto ao que interessa?

O assunto que escolhi para iniciar esta série de posts é justamente algo intrinsicamente ligado ao dia-a-dia de qualquer imigrante: lidar com um (ou dois) novos idiomas.

Antes de vir para o Canadá….

Bom, eu estudo inglês desde os 11 anos de idade. Basicamente aprendi inglês na escola e em cursinhos tipo Fisk e afins mas nunca tive saco para concluir um curso de inglês. Cheguei num ponto em que eu não aprendia mais nada, afinal raríssimas foram as vezes em que tive aulas com professores nativos (problema de se morar no interior…). E sem ninguém para praticar, ficava só naquela de gramática, gramática e gramática. Um dia resolvi que seria melhor praticar escutando música e vendo filmes e seriados de TV, o que realmente deu certo e me ajudou bastante a melhorar minha compreensão e a ter mais vocabulário. Mas, continuava com o problema de não ter com quem conversar para praticar.

No caso do francês, antes de decidir imigrar para o Québec eu não sabia nem mesmo falar bonjour. Então tive que meter as caras, foram 3 anos ininterruptos estudando na Aliança Francesa. Este curso foi muito bom, ao ponto de eu achar que falava francês, o que vim a descobrir que não era verdade ao pisar os pés em Montréal.

Aprendendo a me comunicar

Levei umas duas semanas para acostumar meu ouvido com o francês falado aqui. Por sorte, eu fiquei hospedado numa homestay famille d’accueil, o que me ajudou bastante porque eu era forçado a falar (ou tentar falar) francês o tempo todo.

Além disso, estudei francês durante 7 semanas numa escola de idiomas e em seguida comecei a francisation, onde fiz duas sessões (6 meses) de um curso de conversação. Este curso foi muito bom porque era justamente focado em québécois.

E por fim, eu ficava assistindo TV em francês na maior parte do tempo: jornais, séries e filmes.

Com relação ao inglês, como eu tinha mais experiência, não tive muita dificuldade em me expressar, muito embora meu sotaque fosse horrível. Ainda não tive oportunidade para fazer um bom curso de inglês, o que pretendo tão logo surja uma oportunidade, mas eu já percebo melhoras substanciais.

Na verdade, na maior parte do tempo eu estou me comunicando em inglês, que é o idioma oficial lá na empresa onde eu trabalho, então estou sempre praticando e ficando melhor a cada dia :)

No geral, não demorei mais do que 6 meses para atingir um bom nível de comunicação.

O que foi planejado e o que foi alcançado?

Me tornar fluente em francês e em inglês era uma das minhas metas para o primeiro ano de imigração. Mas logo eu percebi o quão absurda esta meta era.

A minha definição de fluência é a seguinte: Para eu ser fluente em algum idioma, eu tenho que ter o mesmo nível de proficiência no meu idioma nativo. Isto inclui aspectos, tais como: Ter um sotaque adequado, pronunciar corretamente as palavras, entoar corretamente as frases, ter um bom universo de vocabulários, dominar bem a gramática.

Obviamente, em um ano não é possível atingir a perfeição em nenhum destes quesitos e, por conta disto, eu não me considero fluente nem em francês, nem em inglês.

O que não significa que eu não fale francês nem inglês. Em qualquer um destes idiomas eu sou capaz de compreender o que falam comigo e de me fazer entender. Eu sou capaz de me engajar em qualquer conversação, sobre qualquer assunto, e vou conseguir expor meu ponto de vista.

Com o tempo, você percebe que isto é o que realmente importa: entender e ser entendido e aí você desencana.

Então é isso, embora eu não tenha conseguido cumprir a meta de ser fluente nos idiomas locais, eu tenho a sensação de dever cumprido. Tenho também a certeza de que um dia eu vou chegar no nível que tanto almejo, é questão de determinação, prática e de dar tempo ao tempo.

Stay tunned for the next episodes!!

Primeiro Ministro Canadense visita o Brasil

Stephen Harper, Primeiro Ministro Canadense, visita o Brasil pela primeira vez. Embora esta notícia tenha sido pouco noticiada no Brasil, talvez ofuscada por uma crise econômica que se pronuncia, ela teve destaque nos principais meios de comunicação aqui do Canadá.

Stephen Harper no Brasil. Photo: La Presse Canadienne / Adrian Wyld

O que de bom esta notícia traz para nós, imigrantes (ou futuros imigrantes) brasileiros? Eu diria que temos pelo menos duas novidades:

Acordo sobre transporte aéreo

A primeira diz respeito a assinatura de um acordo sobre transporte aéreo entre os dois países, com o objetivo de aumentar o número de destinações, serviços aéreos e reduzir os preços. Como todos sabemos, o único vôo direto entre Brasil e Canadá é operado pela Air Canada, no trajeto Toronto – São Paulo e por isso, ficamos à mercê desta companhia, tendo que pagar preços absurdos, por falta de opção. Eu espero que este cenário mude, que tenhamos mais vôos entre Brasil e Canadá, não somente partindo de São Paulo e não somente chegando em Toronto e com preços realistas.

Acordo Previdenciário entre Brasil e Canadá

Eu já havia falado sobre isto num post antigo, mas me parece que o acordo está finalmente sendo concluído. Ele  foi finalmente assinado ontem, 08 de agosto de 2011, no Palácio do Planalto, conforme vocês podem verificar neste link (espero que estes putos da previdência social não mudem de novo o site e percam todas as notícias, como fizeram da última vez): http://www.mpas.gov.br/vejaNoticia.php?id=43264

Para nós, que moramos no Québec, continuamos a espera que esta província assine logo o acordo com o Brasil, para que possamos aproveitar o tempo de contribuição do Brasil aqui (e vice-versa). Me parece, ainda de acordo com o link acima, que isto está sendo arranjado para que aconteça logo. Vamos esperar pra ver.

O Verão está aí!!!

Olá pessoal, ando muito ausente de novos assuntos aqui no Blog. A razão para isto é que o verão está aí e estou tentando aproveitar o máximo possível os dias quentes, que têm sido poucos este ano.

Amigos reunidos no Parc de la Mauricie.

Para quem está no Brasil, fica difícil imaginar o que seria “aproveitar os dias quentes” já que a maioria dos dias são assim. Aqui, por outro lado, os dias são frios de outubro a março (sendo generoso com o conceito de frio) e, para completar, no inverno costuma escurecer por volta de 4:30 da tarde.

Acreditem, a ausência de luz natural é de deixar qualquer um maluco. Por isso, quando os dias quentes e ensolarados aparecem, a gente faz de tudo para não perder nenhum momento.

Então é isso, menos tempo em casa e mais tempo na rua fazendo outdoors activities, viajando sempre que possível e aproveitando o verão. Sobra menos tempo pra ficar pendurado no computador e na internet, então sejam um pouco pacientes, que já já eu volto a escrever mais por aqui.