Reflexão rápida sobre mudanças no processo de imigração

Esta seria uma resposta ao comentário do meu camarada André Scheffler (http://www.pedrosilva.com.br/blog/a-moleza-esta-acabando/#comment-2220), que começou a se alongar, e achei que seria melhor dedicar um post inteirinho a ela.

André falou algo que considero de suma importância: Andar com as próprias pernas. Sempre tive isto como objetivo quando chegasse aqui, de não depender de ajuda financeira alguma do governo, por dois motivos: Primeiro por orgulho próprio; Segundo por convicção de que eu conseguiria me estabelecer rapidamente, começaria a trabalhar e assim poderia me sustentar como sempre fiz, sem depender de ninguém, sem dever nada a ninguém.

Muitos de vocês podem pensar: mas poxa, a ajuda está aí, a gente tem direito, por que não utilizá-la? Concordo com quem pensa assim e sou inteiramente a favor de quem as utiliza, quando se faz por necessidade. Entretanto, sou veementemente contrário a quem o faz por por safadeza e descaração, como já vi muita gente fazendo. Estes, que se julgam espertos, que vivem às custas do governo e dos programas sociais, são no fundo os que estão forçando o governo a tomar estas medidas restritivas em relação a imigração.

Já disse isso aqui antes e volto a dizer, a imigração para o governo canadense, nada mais é do que uma forma para movimentar a economia. Mais pessoas trabalhando geram mais impostos e tributos para ajudar a manter todos os programas sociais e serviços que o governo oferece à sociedade.

À medida em que os imigrantes chegam aqui e não conseguem (ou não querem) se inserir no mercado de trabalho a imigração passa a ser desvantajosa, já que ao invés de arrecadar mais dinheiro, o governo agora tem que gastar mais para ajudar estas pessoas.

Pesquisas tem sido realizadas nas grandes regiões metropolitanas, sobretudo na GTA (Greater Toronto Area) e mostram que a maior parte dos desempregados e/ou desocupados são imigrantes. Independente das razões para isto ter acontecido, o governo, tendo isso como parâmetro, passa a enxergar a imigração com outros olhos. Alguma coisa pode ter dado errado no processo de seleção destas pessoas e, por consequência, medidas tem que ser tomadas para evitar que isso continue acontecendo.

As mudanças estão ai para todo mundo ver, começaram devagar…

A moleza está acabando

Eu demorei muito tempo para abordar este assunto aqui no blog, mas o fato é que o processo de imigração está ficando mais “exigente”. Algumas mudanças já tinham sido implantadas no processo Federal, que passou a limitar em 30 mil pedidos de imigração por ano, 1000 por cada profissão em demanda, para as aplicações sem oferta de emprego. Além disso, o governo estava, de certa forma, impondo às províncias – leia-se Québec – para diminuir o número de imigrantes aceitos por ano.

Foi só uma questão de tempo para as coisas mudarem também no processo do Québec. Outras questões como cortes no orçamento também foram decisivas para que estas mudanças acontecessem. Mas o que mudou?

O escritório de imigração do Québec no Brasil não processa mais os pedidos de imigração. Agora, o candidato terá que enviar os documentos para o México, onde serão analisados para só depois serem transferidos para o Brasil, para a entrevista. Ainda com relação ao processo do Québec, agora o candidato terá que comprovar o nível de francês e/ou inglês através de testes oficiais.

No caso da parte federal do processo, que é quando o candidato já selecionado pelo Québec irá solicitar o visto de imigrante junto ao Governo do Canadá, agora os documentos terão que ser traduzidos, o que era facultativo já que as demandas eram processadas pelo Consulado do Canadá em São Paulo, e serem enviados para o Centro de Tratamento de Demandas em Sydney, Nova Scotia, no Canadá.

Todas estas medidas implicam em duas coisas: primeiro: o candidato terá que se preparar melhor, por conseqüência irá gastar mais tempo até começar o processo; segundo: o custo total irá aumentar, tendo em vista todas as novas despesas de tradução, testes e de envio de documentos.

O que eu acho disso tudo? Bom, é claro que o processo ficou mais difícil. Por outro lado, o bom disso é que os indecisos e os que não levam imigração a sério ficarão mais estimulados a não prosseguir com o processo. Isso ajudará a filtrar ainda mais as pessoas que estão vindo pra cá. Quem está determinado, assim como eu fui um dia, não vai se desencorajar e vai passar por todas as barreiras até chegar aqui.

Agora, com todas estas “novas dificuldades” o Canadá ainda é um país relativamente fácil para imigração; nada mudou com relação à cidadania, que ainda é “concedida” após 3 anos morando aqui e, isto, não se vê em lugar nenhum no mundo.

Aos futuros imigrantes: coragem e determinação. Perseverança sempre, desistir jamais!

Voltei

Depois de um longo e tenebroso inverno… errrr, na verdade no meio dele, vou tentar voltar a escrever aqui no Blog.

Minha família toda reunida em Québec

Ando muito ausente daqui, mas é por um bom motivo :) O tempo está raro, seria preciso ter um dia de 30h pra dar conta de tudo, mas já já tudo volta ao normal. Neste meio tempo vou tentar parar pelo menos umas duas vezes por semana para escrever alguma coisa aqui.

No mais, quero desejar a todos que 2012 seja de realizações e de sucesso nos seus projetos de imigração.

Boa sorte e obrigado por estarem sempre aqui.

Dois anos de Canadá: Emprego e Carreira

Uma das razões pelas quais optei por imigrar para o Canadá foi a possibilidade de ter um bom emprego e uma carreira interessante, com desafios que pudessem me fazer crescer como profissional.

No quesito emprego, meus objetivos eram bem claros:

  1. Exercer minha profissão;
  2. Fazer o que eu gosto;
  3. Trabalhar numa empresa que oferecesse boas opções de progressão de carreira;
  4. Ter uma remuneração justa, de acordo com o tipo trabalho que fosse exercer e com a minha experiência.

Durante o tempo em que eu ainda estava no Brasil fui me preparando, principalmente no quesito financeiro. Tentei juntar o máximo de dinheiro possível para chegar aqui no Canadá tranquilo e poder focar no que interessava.

Logo quando cheguei não me preocupei em procurar emprego nem em procurar apartamento.  Fui providenciar todos os documentos que precisava e me aperfeiçoar no francês.

Optei por ficar numa homestay por 4 motivos principais:

  1. Eu não conhecia ninguém em Montréal;
  2. Eu não conhecia Montréal;
  3. Eu queria praticidade;
  4. Eu queria conhecer a vivência de uma família québécoise e de quebra me forçar a falar francês o tempo todo.

Não poderia ter sido melhor. Nesta homestay eu tinha internet, tv a cabo, roupa lavada e comida. Ou seja, eu não gastava absolutamente nada além do valor que eu pagava por mês e ainda dei sorte de cair numa família muito legal, tão legal que ficamos amigos até hoje.

Além disso, a tranquilidade de não ter que procurar um lugar pra morar, de não me estressar com aluguel, com a possibilidade de alugar um apartamento que eu não gostasse e ficar preso por um ano. Ficar lá me deu a tranquilidade de conhecer a cidade e me decidir com calma onde eu queria morar.

Na verdade, como disse no início, eu não queria fugir do foco que era conseguir emprego na minha área. Então botei tudo que era secundário de lado e fui à luta.

Dar um passo atrás para poder dar dois adiante.

Como não tinha vivência de como era o mercado de trabalho aqui no Canadá, me baseei muito no depoimento de outros imigrantes.

Uma coisa que me chamou bastante a atenção foi o fato de muita gente ter tido que recuar um pouco na carreira para conseguir se posicionar no mercado, e após um período de 1 ou 2 anos voltar ao nível que estava no Brasil.

Então eu vim preparado para que isso pudesse acontecer. Tracei como meta conseguir emprego na minha área mas sem expectativa de já começar no mesmo patamar.  Os prazos que me dei foram: 4 meses para encontrar o primeiro emprego na área; 2 anos para estar no emprego melhor, conforme os quesitos que citei no começo deste post.

Um pouco desta minha trajetória eu narrei no post Procurando Emprego no Canadá. As coisas aconteceram mais ou menos como o planejado. Tive algumas propostas de emprego, mas no final assinei a que atendia aos meus critérios.

No final das contas, o esforço que coloquei em quatro meses de busca intensiva de emprego, de estudo do mercado de trabalho, de aperfeiçoamento de cv e cover letters valeu muito a pena pois eu consegui alcançar o que eu planejava para ter com 2 anos no Canadá.

Em resumo, não precisei dar um passo atrás e com certeza, hoje, tenho uma vivencia melhor e mais condições para, se um dia decidir mudar, dar dois, ou quem sabe mais, passos adiante.

Coisas que eu aprendi e conselhos que eu não dou a ninguém.

Uma das coisas que eu aprendi aqui no Canadá foi que se você não se valorizar, ninguém vai fazer isso por você. Tem muito imigrante que se minimiza, que se inferioriza quando vai se candidatar à uma vaga de emprego.

Gente, se vocês chegarem de cabeça baixa numa entrevista de emprego dificilmente vocês vão conseguir sair de lá satisfeitos. Pode até ser que vocês sejam contratado, mas nunca pra ganhar o que vocês realmente merecem.

Numa entrevista de emprego, a qual tinha me candidatado para uma vaga de desenvolvedor intermediário, o recrutador me perguntou: “Por que você esta se candidatando para uma vaga de intermediário sendo que seu CV mostra que você tem mais experiência do que isso?” Tinham 5 vagas de Sênior e uma poderia ter sido minha, mas eu acabei sendo contratado como intermediário.

No final das contas, o saldo foi bastante positivo pra mim, mas poderia ter sido bem melhor, não acham?

Com relação a emprego, volto a dizer:

  1. Aprenda que você tem que correr atrás: Nenhum emprego vai cair de pára-quedas no seu colo;
  2. Aprenda as regras do jogo: aprenda sobre o mercado; aprenda como se candidatar para uma vaga;
  3. Aprenda a vender seu peixe: você tem que saber o que falar e não falar numa entrevista;
  4. Aprenda a conviver num novo ambiente de trabalho: As coisas aqui são muito diferentes do Brasil. Você não pode ter o mesmo comportamento numa empresa aqui, como você tinha no Brasil. Seja reservado no começo, tenha cautela no que for falar, observe e vá se soltando aos poucos;

E por fim, fica a dica: independente de quão bom você for em sua profissão, você vai ser sempre um imigrante.

Após dois anos de Canadá.

Continuo trabalhando na mesma empresa. Este foi o meu primeiro emprego e, por enquanto, vai caminhando para ser o definitivo.

Trabalho fazendo o que eu gosto, na grande maioria do tempo, e tenho sido reconhecido pelo trabalho que venho exercendo. Isto se reflete em salários cada vez melhores e permite que eu faça planos para o futuro, além de ter permitido conquistar tudo o que conquistei até hoje.

Graças a Deus, cheguei num ponto em que vivo uma coisa de cada vez, sem pressa; uma conquista atrás da outra. Agora é ter paciência, pés no chão para planejar e alçar voos mais altos.

Isto é ter qualidade de vida, mas isto é assunto para outro post.