I’am Brazilian, for God’s sake!

Sábado retrasado, um amigo canadense me ligou pedindo uns conselhos para consertar seu computador. Quem é da área de TI sabe muito bem do que estou falando, mesmo que você não trabalhe necessariamente com suporte, instalação de computadores, configuração de redes, etc, para quem não é da área você é o ser todo poderoso que sabe tudo e que pode ajudá-los.

Bom, no caso deste amigo meu, o problema dele era bem simples mas como ele não estava sabendo resolver eu fui lá na casa dele e resolvi em 5 minutos. Fiquei lá um pouco mais, conversando com ele e a esposa e ao final, ao me despedir, ambos me dizem:

“¡Gracias, muchas gracias!”

Respondi em francês, e fui embora sorrindo.

Este casal é muito simpático, ele é um “contractor” (pessoa que trabalha com construção civil, seria algo como pedreiro, mas ele também é encanador e eletricista) e a esposa dele eu não tenho certeza do que faz, nunca perguntei. Os conheci através de uma amiga em comum e sempre nos encontramos, já que esta amiga está sempre fazendo umas festinhas.

Quando o conheci, a primeira coisa que ele me falou foi “¡Hola, como estás!” então eu respondi em francês, ou inglês não me lembro, e na ocasião eu disse que não falava espanhol – muito embora já tenha estudado. Aí, como bom brasileiro fui explicar que o Brasil era o único país das américas cuja língua oficial era o Português e falei toda a ladainha, questões históricas, etc.

Na segunda, terceira, quarta vez que nos encontramos ele novamente me cumprimentou em espanhol e eu sempre respondia em francês. Teve um dia que eu até ensinei como seria em português, mas não teve jeito. Isto foi se repetindo até o dia em que eu passei a responder também em espanhol.

Sábado passado, a história se repetiu, mas foi mais engraçada. Fomos à uma festa na casa de uma amiga da minha esposa e lá pelas tantas, um convidado ao notar que nós não eramos canadenses nos dirigiu a palavra em espanhol. Respondi em inglês e ele fez uma cara de espanto, como se acabara de cometer uma gafe. Aí perguntou em inglês de onde éramos e quando respondi que éramos brasileiros ele falou: “so, no spanish?” Eu disse “no, we speak portuguese”.  A partir daí a conversa girou sobre o Brasil.

Estas não foram as únicas ocasiões em que um canadense, québécois ou não, me dirigiu a palavra em espanhol e nem vai ser a última. No fundo, o que eles querem é ser gentis, é se mostrarem receptivos e abertos à pessoas vindas de outros países.

What the heck is South America, aren’t you a Mexican?

Se preparem para ouvir todo tipo de absurdo quando estiverem aqui. O típico canadense não tem noções de história e geografia como nós temos – bom, falo da minha experiência e do estudo que tive. Para muitos, não existe diferença entre as américas. Para outros, abaixo da fronteira do Rio Grande, só existe um vasto e imenso território chamado… México. Já me perguntaram também se o Brasil fazia fronteira com o México.

Muita gente também acha que fora do eixo Canada – Estados Unidos, só existem México, Cuba e República Dominicana, locais onde a maioria dos canadenses passam as férias de verão.

Enfim, venham preparados! Vocês vão se surpreender.

Ser Brasileiro significa ser Latino?

Cada dia que passa me convenço que não faço parte do esteréotipo de um típico latino-americano.  Por várias razões, mas principalmente pelo fato de não falar espanhol e de não ter raízes culturais espanholas. Culturalmente falando, o Brasil é muito distante de seus vizinhos sul americanos, ainda mais dos países centro-americanos.

Foram outras influências, outras misturas que ao longo destes mais de 500 anos fizeram de nós, brasileiros, um povo especial. O Brasil, por si só, é tão grande que pode se dar ao luxo de, ele mesmo, definir seu próprio estereótipo. (Taí um bom tema para um próximo post…)

Por isto eu sigo dizendo que sou brasileiro, não sou latino.