Montréal: Ontem e Hoje

Eu sou vidrado em história, e uma coisa que adoro fazer é estudar sobre as origens dos lugares onde eu moro. Foi assim quando estive em Recife, depois Brasília e, agora, em Montréal.

Outro dia estava passeando com minha esposa pelo Centre-Ville, região da Avenida McGill College, quando vi esta exposição fotográfica, do museu McCord:

Vue du port en direction est, Montréal, QC, 1884

Esta exposição consiste numa justaposição de 24 fotos tiradas pelo fotógrafo William Notman, no começo do século XIX e 24 fotos tiradas pelo fotógrafo Andrzej Maciejewski entre 1999 e 2001. É interessante descobrir a forma como a cidade evoluiu em pouco mais de um século. Fantástico!

Vue du port en direction est depuis le Musée Pointe-à-Callière, Montréal, QC, 2000.

Aqui vocês podem conferir as mudanças que foram feitas no porto de Montréal, entre 1884 e 2000. Para ver mais fotos, basta acessar o site do Museu McCord, clicando no link: http://www.musee-mccord.qc.ca/expositions/expositionsXSL.php?lang=2&expoId=62&page=intro

Francês é realmente a língua falada no Québec?

Este post é, na verdade, a resposta a uma pergunta que recebi aqui no blog:

O francês é realmente a língua oficial falada no Québec? Ou as pessoas falam inglês e francês?

A resposta pra a primeira pergunta é: Sim, o francês é a língua oficial do Québec. A segunda eu respondo logo adiante, mas primeiro eu vou fazer algumas considerações.

Símbolo de "Pare", em Montréal. (Fonte: http://www.roumagnac.net)

On ne parle pas français, on parle Québécois!

Pra explicar a primeira consideração, vou fazer um paralelo do Québec com o Brasil. No Brasil, apesar de todos falarmos o mesmo idioma, na prática, o que percebemos é uma grande quantidade de sotaques, regionalismos, gírias, etc e, se compararmos o português falado no Brasil com o que é falado em Portugal, as diferenças são gritantes. Nosso português, ou “brésilien” como tenho escutado frequentemente aqui, vem evoluindo ao longo destes mais de 500 anos de história e a ele foram adicionadas palavras de origem africana, indígena e até mesmo de outros idiomas europeus.

É mais ou menos isso que aconteceu aqui no Québec. Enquanto que na França, o francês falado em Paris fora definido como o jeito correto de se falar, aqui isto não ocorreu. E, além do mais, o Québec foi inicialmente colonizado por franceses vindos do norte da França, que já naquela época tinham um sotaque diferente do de Paris. Mas isto é só um detalhe da história, que ainda não estudei a fundo.

Então, resumindo a história, após séculos de evolução (ou involução??) foi se formando o francês Québécois.

Mas não pára por aí! Assim como ocorre no Brasil, aqui também existem vários sotaques, gírias, expressões, etc, que vão variar de acordo com a região da província. Por exemplo, o francês falado em Montréal é “diferente” do francês falado na Gaspésie, ou em Chicoutimi e por aí vai.

Montréal, um caso a parte.

Montréal é a maior cidade do Québec. Sua região metropolitana concentra quase a metade da população de toda a província. Além disso, é a segunda maior metrópole francófona do mundo (perde para Paris).

Mas aqui não se fala só francês. Montréal é bilingue, existem escolas, universidades, bairros (cidades) totalmente anglófonos. Muita gente que mora aqui na Ilha de Montréal tem como idioma nativo o inglês e vive aqui sem, necessariamente, falar francês. Em qualquer lugar que se vá, alguém vai te dizer “bonjour, hi!”. Se você responder com bonjour, você será atendido em francês. Se responder hi, vai ser em inglês.

E é muito normal, numa conversação, fazer o switch do inglês pro francês e vice-versa. Às vezes ocorrem situações inusitadas: outro dia eu precisei trocar meus óculos e então fui fazer um exame de vista. Na ótica, discuti todos os detalhes referentes às lentes e armação em francês, já a consulta médica foi em inglês.

As pessoas falam inglês e francês?

Em Montréal, o fato de a cidade ser bilingue não implica que todo mundo fale inglês e francês. Uns falam fluente os dois idiomas, outros falam só francês e outros falam só inglês. Há também o caso de imigrantes, como eu, que falam pelo menos três idiomas.

Fora de Montréal a realidade já é um pouco diferente: o predomínio é da língua francesa.

Outra coisa, que quero ressaltar aqui é que nem todo québécois (estou me referindo aos francófonos) fala inglês com perfeição assim como nem todo anglófono canadense, nascido no Québec ou não, fala francês com perfeição. Achou que porque é bilingue todo mundo fala direitinho? Isto é mito!

Brasileiro não cria gueto

Esta é uma das coisas que os representantes do Governo do Québec fazem questão de frisar, nas palestras de imigração Brasil afora. Morando aqui há mais de um ano eu entendo realmente o que isto quer dizer: que brasileiro não se mistura e não faz questão de se misturar. Pelo menos esta é a realidade aqui em Montreal.

Antes de vir para o Canadá eu não tinha nenhum conhecido morando aqui, fui meio que desbravador. O que eu tinha era uma idéia do que me esperava, sabia mais ou menos o que fazer no início e já tinha as minhas metas traçadas. Isto pra mim já era o suficiente para seguir em frente.

Nestes quase 14 meses morando aqui, se eu disser que não conheci nenhum Brasileiro eu estaria mentindo. Conheci alguns, da pra contar nos dedos, mas infelizmente são a minoria na minha rede de conhecidos e amigos.

Pra falar a verdade, não me sinto na obrigação de me relacionar com alguém só porque este alguém é brasileiro. Também não sou de forçar a barra, não sou de correr atrás de ninguém. Na minha concepção uma amizade ou relacionamento, com quem quer que seja, brasileiro ou não, começa com uma afinidade que tem que ser, obviamente, recíproca. Esta afinidade pode ser política, religiosa, financeira, profissional, musical, esportiva, etc. Tem também a história do “santo bater”: se o seu santo bateu com o meu, então isto é um bom sinal. Se não bateu, bola pra frente.

Este é um parâmetro razoável, mas não seria o único que explicaria o porquê de brasileiro não se misturar.

Eu tenho esta teoria que classifica o imigrante em dois grupos: o preparado e o deslumbrado.

O preparado é aquele que tem um excelente background, é bem sucedido no Brasil, avaliou bem as chances e oportunidades de se dar bem aqui, veio realmente preparado e, ao chegar aqui, rapidamente teve uma boa colocação no mercado de trabalho. Pro imigrante preparado, ter êxito no projeto de imigração, alcançar um bom padrão de vida é questão de tempo.

Já o deslumbrado é aquele que vem pra cá atrás do sonho americano (que não existe), é o que acha que tudo é perfeito, que aqui é um paraíso cor-de-rosa, que vai chegar aqui e tudo vai acontecer como que num passe de mágica, que alguém vai bater à sua porta e oferecer um excelente emprego, com um excelente salário, etc. Este tipo de imigrante geralmente quebra a cara quando chega aqui.

Let’s cut the bullshit.

Ser bem sucedido, ter uma vida melhor é, com certeza, uma das razões que leva alguém a trocar de país. E é isso que todo bom imigrante quer mostrar pra todo mundo, não é verdade?

O problema é que nem todo mundo tem algo positivo para mostrar e aí se retrai, se isola. Pode até ser que existam outros motivos, mas pessoalmente eu acredito que quem não mostra a cara, não o faz é por vergonha.

Boas Notícias, finalmente!

Bom pessoal, finalmente tenho boas notícias para contar! Após 4 meses enviando currículos, redigindo cartas de apresentação e participando de entrevistas finalmente consegui um emprego. Um ótimo emprego por sinal.

Na verdade, recebi duas propostas de emprego no mesmo dia e ainda tive a oportunidade de escolher a melhor. Fora uma outra proposta que eu havia recusado, em outubro, pois o salário era muito aquém do que eu esperava.

Estou muito feliz e empolgado com o novo emprego. A minha sensação é de dever cumprido e tudo isso foi o resultado de toda a minha determinação.

Em breve irei detalhar a minha trajetória e compartilhar as minhas experiências.

Aproveito para desejar a todos um Feliz Natal e que 2010 seja repleto de realizações.

Primeira tempestade de neve

Como bom brasileiro que sou, na primeira vez que vi a neve achei a coisa mais linda do mundo. Foi em outubro quando caíram os primeiros flocos de neve, mas era tão pouco que logo a neve se derretia.

O outono tava uma maravilha, a temperatura raramente ficava abaixo dos 5 graus celsius e eu tava adorando. Agora em dezembro a temperatura abaixou bastante e começou a nevar.

Primeira vez que vi neve na vida...

Hoje aconteceu a primeira tempestade de neve aqui em Montréal, a neve acumulada chegou a uns 30 cm. Claro que não fiquei em casa vendo tudo isso acontecer, fui pra rua me divertir um pouco e tirar algumas fotos.