Alerta aos enfermeiros que desejam ir ao Canadá (e a todos outros também)

Esta semana o telejornal Bom Dia Brasil veiculou uma matéria falando sobre um recrutamento de enfermeiros e outros profissionais da área de saúde, que o Governo do Canadá estaria fazendo no Brasil.

Engraçado que logo após a veiculação deste vídeo, meu blog teve um aumento considerável de acessos, coisa que estranhei. Minutos depois, alguém manda um link da reportagem numa das listas da qual faço parte e logo depois alguns enfermeiros postaram algumas perguntas aqui e então entendi tudo.

Quis escrever sobre este assunto essa semana, mas estava sem tempo pois acabara de voltar de férias e tinha muita coisa pra botar em ordem. Entretanto, achei um post em um outro blog que tem uma linha de pensamento bem parecida com a minha.

Antes de postar o link porem, deixo duas considerações:

É preciso saber falar francês. Ponto Final. Para começar o processo é preciso ter pelo menos o nível básico. Começar o processo é só o primeiro passo na vida de imigrante, a brincadeira só começa aqui e acredite: só com o nível básico não se consegue emprego aqui no Canadá, principalmente como enfermeiro. Quem quer trabalhar aqui nesta área tem que falar francês melhor do que português. Fica a dica.

Outra coisa bem importante, o fato de terem milhares de vagas de emprego aqui, para profissionais de qualquer área, não implica que uma vez aprovado no processo de imigração você terá um emprego garantido. Ter um emprego aqui depende única e exclusivamente de você.

Agora sim, o link:

http://wellsuzcanada.blogspot.com/2011/04/imigracao-propaganda.html

Se tiverem alguma dúvida, poste um comentário. Seja específico :)

400 milhões de dólares parados nos cofres do Ministério de Imigração do Canada

Richard Kurland, um advogado de Vancouver, afirma que 400 milhões de dólares dormem nos cofres do Ministério de Imigração do Canada enquanto o governo Federal se queixa de não ter recursos suficientes para tratar rapidamente todas as demandas de vistos.

Richard Kurland

Richard Kurland: É o cara que tá metendo o dedo na ferida. (Fonte: Radio Canada)

A origem de uma boa parte deste montante é desconhecida, mas segundo o advogado, 50 dos 400 milhões de dólares, são referentes às taxas exigidas aos requerentes da residência permanente na categoria de reagrupamento familiar (Parrainage / Sponsorship).

Ele explica que cada requerente deve pagar aproximadamente $500 de taxas de administração ao fazer a demanda de parrainage e, deste montante, apenas $75 são usados para tratar a demanda. O resto é mantido em uma reserva para o tratamento de uma eventual demanda de residência permanente, que só irá começar uma vez que a demanda de parrainage é aprovada, o que pode durar alguns anos (em alguns casos*).

O advogado, juntamente com outros, entraram com uma queixa contra o governo, na corte federal. Eles exigem que o governo federal reembolse a parte das taxas previstas pelas eventuais demandas de residência permanente. Eles esperam que a corte analise a legalidade de exigir taxas antecipadamente por serviços que só serão executados muito tempo depois.

Que diabos é esta categoria de Reagrupamento Familar. O que significa Parrainage?

Parrainage em francês significa algo como “apadrinhamento”. O termo correspondente em inglês é Sponsorship, que significa patrocínio. Apadrinhar ou patrocinar alguém é quando um cidadão canadense ou residente permanente resolve demandar ao governo que sua/seu esposa/esposa, filhos ou pais tenham também o estatuto de residente permanente.

É o que estou fazendo com minha esposa atualmente, por exemplo. Nesta demanda, como eu serei seu “padrinho / patrocinador” eu assumo o compromisso de ser responsável por todas as despesas, custos e necessidades dela durante um período de 3 anos – que é quando ela vai poder se tornar cidadã canadense também.

Ao mesmo tempo que eu faço a demanda para ser o patracinador, ela entra com uma demanda para ser residente permanente e aí ela tem que provar que é minha esposa, que temos um vínculo de verdade, que não foi casamento arranjado, uma série de coisas.

Uma vez que a minha demanda é aprovada, eles irão então analisar a demanda dela e se tudo der certo, ao final de alguns meses (ou anos) ela irá receber o estatuto de residente permanente e poder ter uma vida normal aqui no Canadá.

Então, todo este processo é agrupado numa categoria que se chama Reagrupamento Familiar. Existem outras categorias de imigração como: Trabalhadores Qualificados (que foi a que eu participei), Investidores, etc.

Fonte: http://www.radio-canada.ca/regions/colombie-britannique/2011/03/10/001-kurland-immigration-millions.shtml

(*) Comentário pessoal.

Número de vistos para trabalhadores qualificados deve diminuir

Dados obtidos através do Acesso à Informação (Access to Information) mostram que o governo irá cortar em aproximadamente 7% os vistos de classe econômica (economic class) e em especial 20% os vistos para trabalhadores qualificados (federal skilled workers).

O Ministro de Imigração, Jason Kenney notou que em 2010 o Canadá atingiu um recorde de 281 000 novos residentes permanentes, número bem maior obtido durante o governo dos Liberais que foi em média de 106 000. Perguntado sobre os cortes que o ministério fez nos vistos para pais e avós, o ministro respondeu enfatizando que o objetivo é aumentar imigrantes da categoria econômica:

Ministro Jason Kenney

Nós precisamos de mais imigrantes trabalhando, pagando impostos e contribuindo com o nosso sistema de saúde. Este é o foco do nosso sistema de imigração.

O problema é que o governo não estaria fazendo o que tem falado. Os dados obtidos mostram que em média todas as categorias de imigração incluíndo aí Federal Skilled Workers, Pronvincial Nominees, Quebec Skilled Workers e Canadian Experience and Business irão sofrer um decréscimo de 6.6% no número de vistos emitidos, em comparação com o ano passado.

Para ver a notícia completa, acesse o link em inglês: http://www.cbc.ca/politics/story/2011/02/15/pol-visas-skilled-workers.html

Falando de Banco, crédito e afins

Uma das primeiras coisas que fiz ao chegar no Canadá foi abrir uma conta bancária e solicitar um cartão de crédito.

De início visitei os sites de vários bancos para conhecer os tipos de contas, tarifas e as condições exigidas (e vantagens) para imigrantes recém chegados abrir uma conta.

Na época optei pelo HSBC, pelos seguintes motivos: tinham vasta presença no Brasil e eventualmente seria mais fácil fazer transações financeiras entre os dois países; tinha lido vários relatos de brasileiros falando bem do HSBC; tinham uma conta especial para imigrantes em que não cobravam nenhuma taxa no primeiro ano.

Dispensável dizer que optei pelo banco errado…

No Brasil

Eu tinha mais de 10 anos de histórico bancário no Brasil. Como era funcionário público federal eu era considerado um cliente diferenciado. Meu cartão de crédito tinha o limite que eu quisesse e sempre que precisei aumentá-lo, o fiz sem nenhum impedimento. Eu também possuía uma boa relação com o gerente de minha agência, que estava sempre disposto a me atender sempre que precisei.

No Canadá

Eu cheguei no Canadá com uma quantia considerável de dólares, equivalente a aproximadamente 30% do capital que eu havia destinado a imigração. Não quis trazer todo meu capital devido às incertezas que eu tinha no início.

Ao cancelar meu cartão, recebi este cheque com o valor que tinha excedente.

O tratamento que recebi no banco foi o pior possível, a começar pela cara de bunda mau humorada da recepcionista ao me atender, vendo que eu não falava fluente nem em francês nem em inglês.

É claro que o serviço para um cliente Premier vai ser diferenciado, mas como este não era o meu caso tive que encará-los na condição de imigrante, recém chegado e desempregado. Não foi muito legal…

Que fique claro: por mais que você tenha dinheiro, você vai ser sempre um imigrante desempregado e, pior, sem histórico de crédito.

Uma sociedade baseada em Crédito

No Canadá, se você não tem crédito você não é ninguém. E conseguir crédito aqui não é tarefa fácil.

O primeiro cartão de crédito que tive foi um Mastercard, do HSBC. Como não tinha histórico de crédito, para ter direito a um cartão com limite de $500.00 tive que fazer um depósito de $1000.00. Me diz, o que você faz com $500.00 de limite?

Ter um cartão de crédito aqui é bem diferente de ter um cartão de crédito no Brasil. Primeiro porque os juros aqui são bem mais baixos e segundo porque não existe isso de pagar parcelado. Se quiser pagar parcelado, você vai arcar com os juros do cartão e é assim que todo mundo faz aqui no Canadá.

A exceção a esta regra é quando você tem o cartão de crédito de uma determinada loja. Por exemplo, suponha que você vai comprar móveis para sua nova casa, você vai a uma loja como Brick, Brault et Martineau, etc e solicita um cartão de crédito deles. Se aprovado você pode comprar na loja, pagando parcelado e sem juros. É comum você ver gente aqui com uma grande quantidade de cartões de crédito, eu particularmente, já estou acumulando alguns.

O problema é que para ter o cartão de crédito das lojas você também precisa ter um bom histórico de crédito, senão nada feito.

E aí você volta a estaca zero, você tem que se sujeitar a ter um cartão de crédito com $500 de limite, fazendo um depósito de segurança de $1000.00 para poder ter o seu famoso histórico de crédito para poder ser alguém aqui.

Voltando à minha história

Quando consegui emprego aqui no Canadá a primeira coisa que fiz foi procurar outro banco. Estava decidido a não continuar com um banco que me tratava com desprezo. Fui à outro banco munido de meus documentos e também do meu contrato de trabalho, que continha o valor do meu salário anual.

Fui bem claro à gerente: Sou correntista em outro banco e não estou satisfeito com o serviço deles. Quero abrir uma conta neste banco mas com a condição de que eu possa ter um cartão de crédito com limite de no mínimo “x” e sem necessidade de depósito de segurança.

Minhas solicitações foram acatadas e no mesmo dia eu cancelei minha conta no HSBC.

Já tem mais de um ano que estou com o mesmo banco e estou muito satisfeito. Minha conta corrente já ganhou um upgrade e meu limite de crédito hoje é equivalente ao que eu tinha no Brasil.

O que vale pra mim pode não valer pra você, e vice-versa

Eu indiquei meu banco para um colega de trabalho Francês, imigrante também, recém chegado da França. Na época ele estava com um visto de trabalho, mas já tinha dado entrada na residência permanente — que acabou recebendo uns 3 meses depois de estar aqui. Ele foi ao banco, conversou com a gerente e não conseguiu os mesmos benefícios que eu consegui ao abrir a conta.

Isso prova duas coisas: Primeira: Imigrante é imigrante, não importa de onde você veio você vai ter o mesmo tratamento; Segunda:  Escolher um banco é uma questão muito pessoal, mesmo que eu tenha um ótimo relacionamento com o meu atual, o mesmo pode não acontecer com você. A dica que eu dou é: antes de vir pra cá, aproveite para conhecer os bancos e quando chegar aqui, vá bater um papo com o gerente. Vocês vão ter uma boa idéia de como vai ser o atendimento e dos serviços que o banco pode oferecer.

Finalizando

Quero deixar claro que estas foram as minhas experiências com bancos aqui no Canadá. O que aconteceu comigo pode não acontecer com você, mas vale como uma experiência.

Foi chato ter que começar do zero aqui, mas faz parte da vida de imigrante. Felizmente, esta é mais uma etapa vencida na minha vida.

Atualização #1 (16-Jan-2011): Eu entendo que escolher um banco é a dúvida de muita gente quando chega aqui no Canadá. Entretanto, por questões de segurança (sim, eu sou cauteloso em divulgar dados pessoais na Internet) eu não divulgo com qual banco eu faço negócios, mas vou listar aqui alguns pra ajudar vocês a se situarem. Os 5 primeiros, listados em ordem, são os maiores do Canadá:

  1. RBC — Royal Bank of Canada
  2. TD — Toronto-Dominion
  3. ScotiaBank — Bank of Nova Scotia
  4. BMO — Bank of Montreal
  5. CIBC — Canadian Imperial Bank of Commerce
  6. Desjardins — Maior banco e maior empresa do Québec
  7. Banque Laurentienne
  8. Banque Nationale

Tenho ouvido boas referências do ScotiaBank, no que diz respeito à programas especiais para imigrantes recém-chegados. Vale a pena vocês darem uma olhada.

Quanto ao HSBC, pelo que tenho lido de comentários em outros blogs, me parece que a melhor opção para quem optar por este banco é abrir uma conta Premier ainda no Brasil, pois há a possibilidade de transferí-la para o Canada aproveitando, inclusive, o histórico de crédito. Se esta for a sua opção, vale a pena conversar com um gerente aí no Brasil, para sanar todas as suas dúvidas.