Meu vizinho, imigrante, foi embora

Normalmente, o que me motiva a escrever aqui no blog são histórias de sucesso de imigrantes. São experiências bem sucedidas que possam, de alguma forma, servir de incentivo para aqueles que estão pensando em seguir o mesmo caminho: o da imigração para o Canadá.

Hoje porém, vivenciei um episódio triste. Presenciei uma família abandonar o sonho de imigração canadense para, mais uma vez, tentar a vida em um outro país.

Meu vizinho e a família largaram tudo o que já tinham conquistado aqui para ir para a França. Ele é Argelino, formado em Educação Física, com mestrado na França e doutorado na Rússia, fala fluente pelo menos 5 idiomas. Ela é Russa, formada em história, e mais um casal de filhos pequenos.

Mesmo com todo este background, o máximo que ele conseguia era um emprego de professor de educação física, em tempo parcial, em cegep ou comissão escolar. Eu não sei, ao certo, quais eram as suas pretenções e/ou aspirações, mas com certeza não foi nada do que ele encontrou durante os 5 ou 6 anos em que morou aqui.

Sinceramente, fiquei triste ao vê-los partir, ao ver os olhos marejados da minha vizinha quando se despedia da gente. Eles nos agradeceram por tudo o que fizemos, o que não foi nada, só fomos cordiais no dia-a-dia.

Por um instante me coloquei no lugar deles… pensei, refleti… é duro ter que recomeçar.

10 responses to “Meu vizinho, imigrante, foi embora”

  1. Fabio Dultra says:

    Realmente é muito duro Pedro!
    Você comentou isso comigo no final de semana e na hora passou um filme na minha cabeça, com toda uma historia sobre o processo. Sabemos o quanto é difícil a adaptação.
    Sinceramente, (mesmo sem conhece-los) vou torcer para que tudo dê certo na nova jornada…

    • Pedro says:

      Pois é Fabão, e no caso deles ainda foi pior porque o processo não demorou só 1 ano e meio, como costuma demorar o nosso não. A gente ainda é, de certa forma, privilegiado.
      Eu também tô aqui na torcida por eles. Todo mundo merece ser feliz nesta vida, não é verdade?
      Abraços.

  2. Taís says:

    Nossa, Pedro, que tristeza. Se já é difícil o (re)começo para os jovens, bem pior deve ser para as famílias já formadas. Desejo sorte aos seus ex vizinhos.

    • Pedro says:

      Oi Taís, tudo bem? Pois é, eu fiquei um pouco triste por vê-los partir, foi como se eu me colocasse no lugar deles, afinal tínhamos em comum o fato de sermos imigrantes no Canadá. É inevitável pensar que isso pudesse acontecer com a gente… Mas eu acho que eles estão bem lá em Paris.

      Forte abraço.

  3. Leonardo says:

    Pois é, será que eles não se deram bem por serem da área de educação e essa área paga pouco?

    • Pedro says:

      Leonardo, nunca cheguei a questionar os seus reais motivos. Pode ser que sim, pode ser que a questão não fosse só salário, mas a atividade em si. Pelo que eu soube, esse cara já foi treinador da equipe olímpica do seu país e aqui no Canadá… ficar treinando criancinha? De toda sorte, como eu disse, eu não sei os reais motivos, não posso fazer nenhum julgamento. Só lamentar que esta família não conseguiu se estabilizar aqui no Canadá.

  4. Pedro,
    Antes de mais nada, obrigado pela resposta de horas atrás.
    Mas estou “dissecando” seu blog e este post foi o mais relevante até então. É exatamente a minha situação, ou seja, pai de família, formado em educação física com pós-graduação em instituição renomada. E meu maior temor é exatamente a de enfrentar situações mais difíceis que em terras canárias, acabando por voltar precocemente. Alguma chance de eu conversar com este seu ex-vizinho? Email, skype, facebook, etc…? Seria de grande valia para entender melhor o mercado de trabalho na minha área. Apesar de eu atuar dentro de grandes empresas quanto à qualidade de vida e promoção da saúde, a formação é a mesma. Novamente, agradeço.
    Rodrigo.

    • Pedro says:

      Olá Rodrigo, infelizmente, neste caso, não vou poder te ajudar. Não tenho o contato dele… Agora, de toda sorte, a atividade de educação física não é tão ruim assim. Por exemplo, um personal trainer na academia que eu frequento, cobra $100 só pra montar um treinamento. Então, depende do campo de atuação, depende de onde for trabalhar. Acredito que oportunidade tem pra todo mundo. Abraços.

      • Novamente, obrigado pela atenção. Por acaso vc lembra do
        nome e sobrenome dele?
        E permita-me uma sugestão de tópico: gostaria de conhecer mais sobre o hábitos dos canadenses quanto à lazer, hobbies, esportes,. Por exemplo, o que ele costumam fazer aos fds, feriados. É caro se divertir no Canadá? Ai tem buteco rolando churras e mesasa na calçada…rs…? Sei que não, mas como o quebequense se comporta em seus dias de folga. Grato novamente.
        PS. com essa sua boa vontade em colaborar, quem sabe num futuro breve vc não economiza estes 100 dólares….rs…

        • Pedro says:

          Olá Rodrigo, eu costumava chamá-lo pelo apelido, Belka, porque seu nome era muito complicado :) Na verdade, nunca aprendi qual era o nome dele. Sobre o a sugestão de tópico, em breve escreverei algo aqui sobre isso. Abraços.

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